Trocando em miúdos às avessas

sexta-feira, 14 março at 3:37 pm 6 comentários

(Aproveitando que hoje é dia da poesia.)

O primeiro livro do Pablo Neruda que eu tive foi o Veinte poemas de amor y una canción desesperada. Era uma edição de bolso, chilena. Àquela época eu estava descobrindo o que era gostar de alguém (ainda que nem de longe fosse o que eu sei que é gostar de alguém hoje em dia) e o livro acabou ficando num daqueles espólios de fim de namoro. Eu sempre pensei em ligar para ele e pedir o meu livro, mas ia ficar muito música do Chico Buarque, o que me fazia desistir.

Até que, no começo desse ano, dois grandes amigos foram para o Chile. Como eu sabia que a casa do Pablo Neruda era um dos motivos para a viagem deles, eu não resisti e fiz uma encomenda. Pedi um novo Veinte poemas de amor y una canción desesperada, que dessa vez seria ainda mais especial: viria direto da Chascona. Bom, pelo menos era o que eu acreditava quando fiz o pedido.

Foi no último fim de semana que o meu livro chegou aqui. Meus amigos me enviaram através de um portador muito especial. O livro não poderia ter chegado até mim de forma mais apropriada: junto com ele, veio a sensação mais real de gostar de alguém, de uma forma que eu jamais poderia imaginar. E, se há muito tempo o meu Neruda foi levado para nem sequer ser lido, hoje ele está comigo de volta. E junto com ele a maior certeza desse mundo:

Quiero hacer contigo
lo que la primavera hace con los cerezos.

Entry filed under: amor, cultura, poesia, umbiguices, vida.

Melhor pra mim Clichê estereotípico: Um pouco de poesia não faz mal a ninguém

6 Comentários Add your own

  • 1. Luciana  |  sexta-feira, 14 março às 3:50 pm

    Que vcs leiam juntos muitos e muitos poemas de amor, muito mais que esses 20 e essa canção desesperada. 😉

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  • 2. Lello Lopes  |  sexta-feira, 14 março às 4:41 pm

    Já estamos vivendo um poema de amor sem fim. E essa certeza eu também tenho. Um grande beijo, cheio de poesia.
    Do seu namorado.

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  • 3. Patricia Carvoeiro  |  sexta-feira, 14 março às 8:58 pm

    Carla, espólios de fim de namoro são mesmo terríveis e indigestos, né?

    *************************
    E que linda história vocês podem construir daqui pra frente, sendo inspirada (e originando) milhares, milhões de poemas, de haicais, de redondilhas e sonetos. 😉

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  • 4. Marília  |  sexta-feira, 14 março às 10:20 pm

    Muito bom receber encomendas esperadas… Melhor ainda quando trazidas pela pessoa certa! 😉

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  • 5. fatima  |  sexta-feira, 14 março às 11:52 pm

    Carla:

    Olá! Compartilho contigo o gosto por dito livro. Gosto especialmente do:
    ‘é preciso contar seus cabelos’
    Acho belíssimo!
    Abraços!
    😉

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  • 6. Elis Marchioni  |  segunda-feira, 17 março às 5:30 pm

    O que vou comentar aqui nada tem a ver com o Neruda, mas eu me lembrei daquela cena do filme A Casa do Lago, em que a personagem da Sandra Bullock tem seu livro (da Jane Austen) de volta depois de muito tempo e de uma forma muito especial.

    Uau, e que surpresa saber que você está namorando, menina!
    Fiquei megafeliz! Quero conhecer seu namorado, viu?
    Post divino, parabéns.
    Beijo.

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